Seja sincero: tem coisa mais frustrante do que ver o anúncio de um produto que você quer muito, ter todas as informações sobre ele, mas na hora de saber preço (que é uma das coisas mais importantes) encontrar a frase: consulte valores inbox?
Pois saiba que essa prática, além de desanimadora para o cliente, também é ilegal.
Isso porque a Lei de Divulgação de Preços no Ecommerce, aprovada em 2017, estabelece que nenhuma empresa pode esconder ou dificultar a visualização de preços para o consumidor. Ao contrário. A determinação inclui, até, o tamanho mínimo da fonte a ser utilizada na divulgação.
III – no comércio eletrônico, mediante divulgação ostensiva do preço à vista, junto à imagem do produto ou descrição do serviço, em caracteres facilmente legíveis com tamanho de fonte não inferior a doze.
Além disso, é importante mencionar que o Código de Defesa do Consumidor também aborda esse assunto em seu artigo sexto, reforçando que a divulgação do preço deve ser clara e acessível.
Art. 6º, CDC “São direitos básicos do consumidor:
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
Art. 6º, CDC
E a regra não é exclusiva dos Ecommerce. Ela vale também para as vitrines de lojas físicas, por exemplo, que devem ter os preços fixados em locais de fácil visualização.
Mas, por que, então, mesmo com tanta legislação sobre o assunto, ainda existem negócios que insistem em esconder a informação?
Infelizmente, algumas pessoas acreditam que forçar a interação do cliente pode ajudar a efetivar a venda, derrubando possíveis objeções; há quem defenda, também, que esconder o preço evita que o concorrente tenha acesso a ele; existem ainda os que preferem não trabalhar com valores fixos, mas, sim, negociar os preços individualmente, de cliente para cliente.
Na prática, no entanto, o resultado disso, na maioria das vezes, é um cliente que sequer entrará em contato e tentará encontrar o mesmo produto em outro lugar. Foi isso que mostrou a pesquisa realizada pela Forbes em parceria com a Arm Treasure Data. Segundo o levantamento, 74% dos consumidores escolhem outra empresa quando acham que o processo de compra de uma determinada marca é muito difícil.
Ou seja, tente pensar quantas vendas são perdidas, apenas porque o cliente não tem tempo/paciência para enviar uma mensagem inbox e esperar até que um atendente venha falar com ele. É muito mais simples (e às vezes até mais rápido) procurar outra marca que venda algo parecido e fechar a compra com apenas alguns cliques.
Exceções
A única informação de custo que pode ser repassada ao cliente apenas no fechamento da compra, é o cálculo do frete. E isso acontece porque não há um valor fixo a ser cobrado pelo serviço. Na maioria das vezes, ele depende do volume do pedido e, principalmente, do local onde essa entrega irá ocorrer. Portanto, vai depender de informações específicas, como o CEP do comprador e quais produtos lhe interessam.
No caso de prestadores de serviço, a orientação é para que eles disponibilizem seu custo hora/dia ou que informem o preço por metro quadrado, por exemplo, dependendo do nicho de atuação de cada um.
Consequências para quem descumpre a lei
Caso você insista em manter o preço dos seus produtos de forma oculta, é importante saber quais podem ser as consequências. O Procon de São Paulo, por exemplo, orienta que, em caso de descumprimento da lei, o consumidor deve denunciar a empresa aos órgãos competentes.
Caso seja comprovada a falha, o lojista estará sujeito às sanções administrativas previstas no artigo 56 do Código de Defesa do Consumidor, como: multa, suspensão de fornecimento de produtos ou serviços e suspensão temporária de atividade, entre outras.
Portanto, se você é adepto da tática do “preço inbox”, repense. É direito do consumidor, garantido por lei, ter acesso fácil ao preço do produto que ele pretende adquirir.
Impedir este acesso, além de causar impacto no faturamento e na expansão do seu negócio (pois muitos clientes podem procurar seu concorrente) também pode trazer problemas legais para a empresa.